Um dos maiores clássicos dos X-Men é A Queda dos Mutantes que a Panini relançou há algum tempo, mas ainda pode ser encontrado (com sorte) em sebos e lojas especializadas. O mais legal dessas HQs dos anos 1980 é que os roteiristas se preocupavam muito com o desenvolvimento dos personagens a ponto de enveredarem por diálogos longos e normais, mas ainda assim, cheios de força e significado. Quem ler uma HQ como essas vai notar que as histórias de hoje parecem em sua maioria pasteurizadas, feitas às pressas e com um foco mais cinematográfico. Nesse primeiro volume de A Queda dos Mutantes temos um arco inteiro com o X-Factor de Louise Simonson nos roteiros e a arte de Walter Simonson fazendo o que sabe fazer melhor. Ainda há uma rápida participação do Hulk de Peter David e Todd McFarlane e Quarteto Futuro com arte de Jon Bogdanove. Aqui os X-Factor lidam com aquilo que mais incomoda os mutantes: o preconceito. Paralelo a isso, um vilão conhecido dos X-Men engendra um ardil para os primeiros mutantes da Marvel com resultados significativos e duradouros. Louise trabalha com humanidade nos personagens como poucos e Walter consegue dar muita vitalidade a tudo isso. Outra coisa que ajuda muito é a diagramação e as cores sóbrias. Ótimo encadernado e que trás o melhor da HQ mutante da época até mesmo pros dias febris de hoje.
X-Men- A Queda dos Mutantes Vol. 1
Roteiro: Louise Simonson (com Peter David)
Arte: Walter Simonson, Todd McFarlane, June Brigman, Sal Buscema e Jon Bogdanove
Páginas: 284
Editora: Panini Comics
Nota: 4,0 (de 5,0)
X-Men- A Queda dos Mutantes Vol. 1
Roteiro: Louise Simonson (com Peter David)
Arte: Walter Simonson, Todd McFarlane, June Brigman, Sal Buscema e Jon Bogdanove
Páginas: 284
Editora: Panini Comics
Nota: 4,0 (de 5,0)
E continua a saga dos mutantes da Marvel nos de 1980 que pra mim, é bem mais tenebrosa que as sagas calculadas de hoje. Essa edição pra mim tem dois destaques: Demolidor e Quarteto Fantástico fazend tie-in com o arco dos mutantes. O destaque do Demolidor vai para a arte mais crua de John Romita Jr. e seu traço mais sujo, hachurado, lembrando um pouco o sensacional Lee Weeks. O roteiro da Ann Nocenti é inspirado e apurado, muito ao contrário do que ela fez, por exemplo, na fase da Katana em Novos 52- um verdadeiro lixo. Já em Quarteto Fantástico temos Steve Englehart nos textos e Keith Pollard na arte. Aqui temos um Quarteto alquebrado e sem o Sr. Fantástico e a Mulher Invisível. Mais uma prova de que os quadrinhos dessa época tinham muito mais bom senso e solides na condução de suas tramas. Um texto dinâmico e uma arte competente. Pra quê coisa melhor? As duas HQs mostram algumas consequências do arco com o X-Factor (por Louise e Walter Simonson) e sua luta com o Apocalipse. Com extrema competência, Louise fecha sua trama de forma forte e decidida, colocando a equipe do X-Factor em linha sólida como heróis e com seu status renovado. Em seguida temos o arco com os X-Men de Chris Claremont e Marc Silvestri. Cara, gosto muito de Claremont. Em sua época boa (anos 70 e 80), o roteirista deu aos X-Men o melhor que ele podia dar e fez muito sucesso.
No entanto, lendo esse arco em específico, vejo como o roteirista tem alguns vícios chatos, como por exemplo, sempre repetir tudo o que já escreveu nas edições anteriores, mas de forma diferente em recordatórios dramáticos. Tipo: "Eu sou o Wolverine e minha alma está dilacerada pela dor do destino, mas ainda assim, sou o melhor no que faço". Não tem esse texto na HQ, mas é algo que ele vai repetir em todas as outras, mudando apenas algumas palavras. Isso acontece com todos os personagens centrais. Mas te dizer: as tramas são boas. Os X-Men são anti-heróis praticamente, relegados a própria sorte. São realmente trágicos nas mãos de Claremont e isso é único. Já Marc Silvestri, é um talento. Pra mim Jim Lee puxou todo o seus "estilo" da arte de Silvestri. Note como a arte do artista é muito semelhante com o que Lee faria algum tempo depois. Silvestri já tinha as hachuras, já sacava dos paranauê, fora que é um artista anatomicamente muito melhor em termos de qualidade corporal, dinâmica de enquadramento e técnica. Hoje não gosto tanto do traço dele, pois ficou muito sujo, mas Silvestri nessa fase dos X-Men era muito bom.
Quanto a trama, que é o mais importante, Claremont segue pelo seu caminho dramático, cheio de bravatas nobres e ações cinematográficas. Dessa vez o vilão não é um poderoso Apocalipse, mas os Carrascos de Massacre de Mutantes, junto com a Força Federal (ex-Irmandade de Mutantes) e um vilão indígena que eu não conhecia. Pra mim o dinamismo efetuado em X-Factor dá lugar a uma trama mais preocupada e melodramática. Mas nada disso atrapalha a diversão, que ainda é muito melhor que muita coisa feita nos dias de hoje.
X-Men- A Queda dos Mutantes Vol. 2
Roteiro: Ann Nocenti, Steve Englehart, Chris Claremont, Louise Simonson e Peter David
Arte: Walter Simonson, Marc Silvestri, Todd McFarlane, Kerry Gammill e Keith Pollard
Páginas: 276
Editora: Panini Comics
Nota: 3,5 (de 5,0)
E finalizando A Queda dos Mutantes. Eu nunca acompanhei essa fase em sua época quando saiu nas bancas pela Abril ainda nos famigerados (mas para alguns saudosistas) formatinhos. Depois de ler as três edições que compõe o arco, o derradeiro com o final da passagem dos X-Men para os Novos Mutantes se revelou uma grata surpresa pra mim. Apesar de ter gostado da participação do X-Factor e dos X-Men, foi em Os Novos Mutantes de Louise Simonson e Bret Blevins que eu mais me divertir. Em X-Factor Louise parecia mais preocupada em manter a trama politizada, e Chris Claremont em X-Men... bem, sacumé... recordatórios,dramas, bravatas, etc. Já em Novos Mutantes Louise se mostrou mais à vontade. Os personagens pareciam mais naturais, apesar de o texto ser mais leve, com cara de série americana familiar dos anos 80. E eu não sabia, mas foi nesse arco que os Novos Mutantes tiveram uma baixa sentida por vários anos (não vou revelar, afinal, há pessoas que ainda não leram). Uma das melhores edições da coleção em três volumes editado pela Panini, mas que só li agora (tava ali na prateleira junto com outras esperando para serem lidas). Concluindo que a família mutante estava em boas mãos, com roteiros mais bem amarrados e personagens mais pé no chão. Boa fase. Boas HQs.
X-Men- A Queda dos Mutantes Vol. 3
Roteiro: Louise Simonson e Chris Claremont
Arte: Bret Blevins, June Brigman e Marc Silvestri
Páginas: 268
Editora: Panini Comics
X-Men- A Queda dos Mutantes Vol. 3
Roteiro: Louise Simonson e Chris Claremont
Arte: Bret Blevins, June Brigman e Marc Silvestri
Páginas: 268
Editora: Panini Comics
Nota: 4,5 (de 5,0)
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