Se tem uma coisa atualmente tenho preguiça de assistir são seriados. O formato esticado, com ações que demoram para fechar seus atos às vezes me deixa impaciente e enfadonho. Séries burocráticas então- com temáticas detetivescas, dramas, médicas e similares- me deixam inquieto. Não estou questionando a inteligência desse filão, apenas gosto de coisas mais dinâmicas. Os seriados são tudo, menos dinâmicos, até mesmo por conta de seu formato pré-estabelecido com tempo programado e todo um cronograma para caber todo seu conteúdo X numa temporada Y. Pra um seriado me segurar pra assistir até o final precisa pelo menos ter alguma coisa que me chame a atenção na narrativa e foi isso que me levou a Scream (Pânico por aqui), série baseado no filme homônimo de 1996 dirigido por Wes Craven e com roteiro do novato Kevin Williamson (na época, claro), que brincou com o gênero, usando justamente todos os clichês do cinema de terror com inteligencia e reforçado na metalinguística do cinema e cultura pop-nerd da época. O seriado da MTV, que tem produção de Craven e Williamson como base, soube transportar todo aquela atmosfera para a TV. Quando vi o anuncio do seriado, logo torci o nariz, pois achei que não daria certo, afinal, arrastar uma trama que pode ser contada em duas horas em uma temporada cujo cada episódio tem em média 45 minutos não me pareceu muito interessante. No entanto, "preconceitos" à parte, tenho sempre a mania de querer assistir pilotos de seriados para ver qualé e bem, o formato do primeiro episódio me convenceu a assistir o segundo.
Sem spoiler. Na trama a cidade de Lakewood vivenciou uma trágica história que aconteceu há alguns anos com um fato bizarro sobre um homem com uma máscara cirúrgica (não temos Ghostface aqui) e uma moradora local. Anos mais tarde, um assassinato chama a atenção da polícia e mídia local, pois leva a crer que o assassino da máscara estaria de volta. Paralelo a isso, Emma (a "Sidney" do seriado) começa a receber mensagens de texto e ligações estranhas a ameaçando e a seus amigos, criando jogos doentios para que a mesma possa desvendar. Usando de referências cinematográficas atuais até gags nervosas com o Netflix, séries famosas, quadrinhos e cinema "antenado", o seriado usa de metalinguística para formar uma visão atual, para usar de pano de fundo e para sobrepor falhas de roteiro. Esticado por dez episódios que se alternam entre o bom e o mediano, o plot principal do programa fica esteticamente bem fincando contornando principalmente o fraco elenco que até se esforça, mas não parece forte o suficiente para emular o drama que a trama pede- salvo algum ou outro. Ainda assim, Scream foi uma grata surpresa, conseguiu me prender até o fim- ainda que com algumas ressalvas e o melhor: fez bem seu papel tornando-se tão bem arquitetado quanto seu primo rico dos cinemas. Há falhas no roteiro? Há sim, mas contornados pela trama bem conduzida, ainda que seja relativamente fácil saber quem é o vilão logo, logo.
Vale frisar a caracterização do novo "vilão", muito mais urbano e antenado com o mundo da tecnologia usando tudo que pode a seu favor e criando- sem irônicas- pânico nos jovens de Lakewood. Uma segunda temporada já foi encomendada para 2016.
NOTA: 3,5 (de 5,0)
Scream- 1ºTemporada (2015)
Criação: Jill Blotevogel, Dan Dworkin, Jay Beattie
Produção: Harvey Weinstein, Bob Weinstein, Wes Craven
Distribuição: MTV Networks
Elenco: Willa Fitzgerald, Bex Taylor-Klaus, John Karna, Amadeus Serafini, Connor Weil
Baseado na série para cinema Scream de Wes Craven e Kevin Williamson
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