Vou fazer aqui um "mutirão" de resenhas. Tenho aqui quatro volumes que li recentemente e vou tentar passar impressões mais enxutas que possam de repente servir de base para algum leitor curioso. Comecemos por Hulk- Círculo Vicioso (abril de 2014, 244 páginas, R$ 26,90). Nessa fase escrita por Peter David e arte de Todd McFarlane, temos o arco onde o monstro da Marvel volta a sua cor de concepção, isto é, o cinza. Esse Hulk, diferente da versão verde, é mais inteligente e malvado. David entrega um trabalho extremamente competente no arco onde o personagem parece perdido e muito além do "Hulk esmaga homenzinhos". Sua meta é se livrar de Bruce Banner de vez. Nessa versão, o Hulk volta às origens quando ele era um pouco menor, porém mais esperto. Aqui o monstro que habita a psiquê de Banner só dá as caras à noite e volta a ser o "homenzinho fracote" durante o dia. Tendo isso em vista, o Hulk tenta tirar Bruce de cena para que os Caça-Hulk não peguem Banner e consigam reverter o processo ou até mesmo matá-lo, o que gera situações curiosas como colocar Banner num alto de um espigão no meio do deserto ou se embebedar o suficiente para que o alter ego fique o dia todo de ressaca dormindo. Em tempo, Rick Jones mostra porque é um personagem importante e Betty Ross é muito mais que uma personagem secundária. David é genial e suas HQs ainda são muito atuais e colocam muita coisa feita hoje em dia no chinelo. A arte de McFarlane, que ainda não tinha estourado, mas já estava virando promessa, já com seu característico traço. Dá boa caracterização às HQs do Hulk. NOTA: 4,5 (de 5,0)
Já Hulk- Além da Redenção (junho de 2014, 212 páginas, R$ 22,90) é a continuação direta dessa fase do Monstro e encerra o arco com muita qualidade. Continua a caçada ao Hulk tanto pela SHIELD quanto pelo maligno Líder, que deixa de ser um vilão genérico com arroubos megalomaníacos, para ser um cara realmente perigoso e meticuloso. Ótima fase para quem quer ter boas HQs do Hulk. Vale procurar em sebos. No entanto, o mais incrível é que o domínio de texto de Peter David não cai. É um autor fantástico, com uma qualidade muito estável. Sei que o autor tem muito respaldo no mercado de quadrinhos, mas acho que ele deveria ser alçado a um "daqueles grandes". Ele ainda é considerado um autor de muita qualidade, mas acho que poderia ser maior. Talvez sua falta de trabalhos autorais explosivas o deixe nesse limiar. Mas uma coisa é certa: se tiver o nome desse cara no meio de qualquer trabalho, pode ter certeza que comprarei. Quer uma ideia do quanto o cara é bom? Veja a fase do Aquaman pelo autor e até mesmo sua fase em Supergirl. Superior em muita coisa feita com os personagens hoje em dia. NOTA: 4,0 (de 5,0)
Turma da Mata de Arthur Fujita, Roger Cruz e David Calil (setembro de 2015, 82 páginas e R$ 21,90 com capa cartonada) é mais uma bela obra da série Graphic MSP que vem dando certo desde 2013. As reinterpretações dos personagens de Mauricio de Sousa têm saído em formato muito agradável e até aqui conseguiu angariar grandes nomes dos quadrinhos nacionais. Com a Turma da Mata, os criadores Fujita e Cruz conseguem sair do ritmo mais intimista que toma as HQs dessa série para se lançarem numa aventura heroica. Aqui a Turma precisa através de muito argumento político e ação de impacto reverter as ações maléficas do vilão. Cabe a Jotalhão e companheiros o feito. O que mais me chamou a atenção foi o formato "X-Men" da trama. Digo, é a aventura mais parecida com um quadrinho americano- as outras têm uma pegada mais européia/intimista. O traço de Cruz tá solto e flui muito bem, mas admito que o traço dos estudos que vem nos extras bem mais interessantes. Seja como for, é um grande trabalho. Já o texto de Fujita, que eu não conhecia, é bem claro, objetivo para ser mais exato. Tenho um ritmo bem limiar e fácil de acompanhar. Bom trabalho. As cores de Calil achei um pouco pesada em alguns momentos, mas nada que tire o brilho do trabalho do colorista. NOTA: 3,5 (de 5,0)
Vertigo Especial Vol. #03 (agosto de 2015, 172 páginas, R$ 19,90) com A Hora da Bruxaria e Jonny Double é mais uma coletânea de HQs curtas que saíram pelo selo Vertigo da DC Comics. Vamos ser econômicos aqui: metade da revista com A Hora da Bruxaria é dispensável. Infelizmente é uma série ruim, com contos fracos que tentam emular alguma inteligência, mas não empolga em nenhum momento. Dispensável. Já Jonny Double de Brian Azzarello e Eduardo Risso, o primeiro trabalho junto da dupla de 100 Balas é uma ótima HQ. Aqui Double acaba se envolvendo numa trama em que jovens delinquentes arquitetam para ganhar uma grana preta através de uma farsa, mas o ex-policial (e agora detetive particular) acaba caindo numa teia que ele não estava esperando. Com bons diálogos e passagens interessantes, Jonny Double acaba salvando o especial da Panini. Vale unicamente por conta desse arco em quatro partes. NOTA: 2,5 (de 5,0)